sábado, 21 de janeiro de 2012

Oposição



                               Lula, à esquerda no poder que deu certo. Será?!

  Quando Getúlio Vargas criou o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), começava a surgir no Brasil, um partido forte de esquerda no Estado Novo Brasileiro. Teve sua existência no período democrático ocorrido entre 1945 e 1965, sendo recriado depois no Regime Militar. De lá para cá, muitos outros partidos foram criados, entre eles o PT, fundado em 1980, pelo então operário da área Metalúrgica, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, ou simplesmente Lula. Determinado, Lula percorreu com percalço, luta e persistência, seus sonhos, até alcançar seus objetivos.
 Para alcançar seu objetivo maior – o de ser eleito Presidente da República do Brasil – teve que concorrer em cinco eleições (1989, 1994, 1998 e 2002) sendo que só conseguiu ser eleito na 5ª. Campanha com 61,2% dos votos, que totalizaram 52,79 milhões de votos. Teve como aliança partidária o PL, PC do B, PCB e PMN, além do seu partido o PT em 2002 quando foi eleito.
 Com um discurso sempre de esquerda arrojada, o candidato Lula não poupava seus adversários em criticas e reivindicações para os operários e as classes menos favorecidas da sociedade.
  Em sua trajetória Lula foi conquistando simpatizantes, da área intelectual, artística, esportiva, empresarial e política. Com isso foi se fortificando perante seus adversários como, Fernando Color  de Melo, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin, esses seus maiores adversários nas campanhas.
  Enfim em 2002 é eleito Presidente do Brasil, assumindo o cargo em janeiro de 2003. Lula também disputou as eleições de 2006, tendo como adversário Geraldo Alckmin do PSDB, tendo vencido no 2º. Turno com mais de 60,% dos votos válidos.
  Passados oito anos do governo Lula, seus objetivos de discurso esquerdista foram alcançados? Há quem diga, que não existe esquerda sendo governo, mas é importante refletir que, os pensamentos, as idéias e ideologias, essas em sendo verdadeiras, elas não mudam e podem ser implementadas enquanto da situação, enquanto governo. Nesse sentido, acredito que o Lula trouxe muito das suas idéias para o seu governo, porém isso não quer dizer que ele tenha idealizado todas, mesmo porque muitos dos seus parceiros de caminhada,  pisaram na bola, com corrupções e outras mazelas, tendo manchado de forma significativa seu governo. No entanto com slogan marqueteiros como ‘FOME ZERO’ e ‘BOLSA FAMILIA’ sempre teve a população ao seu lado e como sua grande aliada política, tanto que após seu mandato, conseguiu eleger sua candidata a Presidente Dilma Roussef. (PT).
  O fato é que desde que Lula foi eleito Presidente do Brasil, não tivemos uma esquerda sólida, convincente e instigada, contrapondo-se a um governo que era de esquerda, mas que em muitos momentos teve atitudes da direita extremista com atitudes radicais e ditatoriais.
Enfim... Para se ter um bom governo é preciso uma boa oposição. A esquerda no poder, deu certo?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma definição plausível



O BBB e os tribunais da ética

Por Márcio de Azeredo
  O Big Brother é uma mistura peculiar de experimento psicológico, merchandising, pornografia soft e democracia televisiva direta. O que está em jogo, mais do que o prêmio em dinheiro, é a relação de cada participante com uma plateia que, embora absolutamente diversa, é relativamente previsível na medida em que se encontra no canal de comunicação preferido da nação e reconhece os símbolos e valores que ele veicula. De certa forma, mais do que a democracia direta das eleições políticas bienais, o voto do público do BBB revela traços da personalidade do povo brasileiro: foi assim quando a transexual Ariadna foi eliminada com rejeição recorde, ou nas inúmeras vezes em que o prêmio sobrou para aquele brasileirinho esforçado e trabalhador, “gente como a gente”, que sobreviveu bravamente ao apelo das bundas e peitos cuidadosamente selecionados por Deus, Boninho.
O Big Brother é, assim, uma espécie de tribunal público da ética, e o brasileiro é profundamente – Machado de Assis que o diga – um povo a quem interessa discutir a ética através das ações alheias. Em outras palavras, fazer a boa e velha fofoca. Mas a fofoca, os antropólogos já dizem, nada mais é do que essa construção de opiniões sobre o comportamento social, feita em conjunto sobre as ações de um terceiro. “Menina, você viu, que safada!”, e, ao concordar com a safadeza, fofoqueiros se identificam, constroem valores comuns. O sucesso das quatro novelas diárias da Globo, sem contar as concorrentes, atesta que esta é mesmo uma das atividades preferidas do brasileiro.
Reinventar a democracia
O BBB, neste sentido, talvez deva seu sucesso não só à formosura dos participantes, aos devaneios com o prêmio milionário, mas também a esta possibilidade de julgar atitudes humanas, reações, decisões – comportamento, enfim, em um experimento contínuo e controlado, atrelado a um grandioso dispositivo de eleição das atitudes preferidas e eliminação das rejeitadas. É mais ou menos o que o brasileiro faz com seus candidatos, já que não vota em programas partidários, e sim, em personalidade, mas aqui a intimidade e a excitação são muito maiores, já que se trata de televisão, dinheiro, glamour, sexo – tudo aquilo que, como nação, idolatramos. Não há dúvida que, se o voto para presidente fosse opcional, perderia feio para a votação do BBB, mesmo considerando que o eleitor do BBB precisa pagar para votar. No país da Lei de Gerson, tanto sucesso só acontece porque votar no BBB é eleger um representante dos próprios valores num tribunal nacional da ética que permite a cada um sentir-se um pouco merecedor da admiração nacional que este representante recebe, quando finalmente vence.
O Big Brother é, pois, um prato cheio para antropólogos, psicólogos e estudiosos do animal humano, em geral. E seria muito mais se a escolha dos produtores não privilegiasse tanto a beleza (padronizada) e a extroversão como características indispensáveis. Como seria um Big Brother com Ferreira Gullar, Dercy Gonçalves, Chico Xavier e Sílvio Santos? Com aquela vizinha idosa que sempre surpreende com suas lições de vida? Com a ética-estética peculiar de grupos excluídos – mendigos, presidiários, índios, quilombolas? Aí, sim, teríamos as características de discussão ética do programa exacerbadas e postas para funcionar, tensionando grandes questões da nação. Seria, quem sabe, uma bela forma de reinventar o sentido da democracia para este século 21.
[Márcio de Azeredo é sociólogo, Florianópolis, SC] Fonte:(Observatório da Imprensa)










sexta-feira, 13 de janeiro de 2012




Por Isick Kaue

A luta por uma transformação radical da nossa sociedade passa por táticas que se chocam com o ideário da “ética” burguesa. No filme “The Edukators”, por mais romântico que este possa parecer, essa questão é pronunciada pelo personagem “Peter”, quando os outros dois - Jule e Jan – passam a questionar as práticas que estavam adotando para por em xeque o “status quo” e o “poder econômico”, tendo em vista que entravam de forma sorrateira em mansões, mudando a ordem da mobília e deixando mensagens pintadas nos muros internos, como “seus dias de fortuna acabaram”, o que, sob o olhar da referida perspectiva de ética, é deveras condenável, pois ocorrem invasões de propriedades particulares – os templos sagrados do capitalismo. Se quisermos pensar em um exemplo cotidiano do nosso país, podemos visualizar as ocupações de terra feitas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra). Bem distintas das citadas no exemplo do filme, apesar de também desafiarem os poderes estabelecidos, as ocupações realizadas por este movimento em propriedades privadas visam à desapropriação de latifúndios para fins de reforma agrária, estando esta inexoravelmente atrelada ao sonho da justiça social. Dessa forma, deveríamos pensar que são ilegítimas essas ocupações que o MST realiza e tratá-las, como a Grande Imprensa (Veja, Globo, Folha de São Paulo, e outras cositas más) o faz, enquanto “invasões”, quase remetendo aos bárbaros que tomaram a cidade de Roma no ocaso do Império, que ferem a “ordem” e os “bons costumes”? Para nós da atual gestão do Centro Acadêmico de História CALDEIRÃO tratam-se de ocupações legítimas, carregadas de uma intencionalidade positiva, em que vibram as utopias de um outro mundo possível. Não obstante, os dois exemplos foram acima versados para tecer um elogio à desobediência civil, elogio à postura que questiona e almeja subverter a lógica nefasta da sociedade em que vivemos, utilizando-se, para tanto, dos recursos que se nos apresentam disponíveis para dialogar com o conjunto da sociedade: o MST realiza ocupações de Terra, constrói o seu próprio veículo de comunicação (um jornal), já que a Grande Imprensa tenta vilipendiá-lo, ou ocupa prédios públicos, quando reivindica algo diretamente ao governo; e nós, do movimento estudantil, quais formas possuímos para dialogar com o conjunto dos estudantes, apresentando as problemáticas da universidade, da educação e, de forma mais ampla, do povo brasileiro? No caso do Movimento Estudantil de história da UECE, desenvolvemos um jornal, que é distribuído para os e as estudantes do curso, utilizamos também um blog (http://www.caldeirao.org/); porém, acreditamos que estes dois não dão conta de propagandear nossas bandeiras para todos os e todas as estudantes da UECE, então adotamos também as táticas do Muralismo, aonde várias pessoas em conjunto pintam/grafitam um muro da universidade abordando uma questão relativa à realidade ueceana, e da pintura de faixas e cartazes durante oficinas, sendo esta última mais comum nas vésperas de atos. Vale salientar que, por vezes, mesmo tomando diversos cuidados, sobram alguns vestígios dessas atividades, como um pouco de tinta (spray ou convencional) cair no chão, levando algumas pessoas a entender que se trata de “depredar o patrimônio público”, inclusive considerando o caráter “ilegal” dessas atividades: sobre a questão da legalidade, que, nesse caso, não nos é muito cara, podemos retrucar que ilegal é o governo do estado permitir que as três universidades estaduais (UECE, URCA, UEVA) funcionem com um déficit de mais 600 professores efetivos; quanto à legitimidade, que para nós é o central, por tudo que já foi dito anteriormente, temos convicção de que estamos lutando no lado certo da trincheira.
da universidade estadual do ceará (uece)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A grave greve.



As policias em nossas vidas!
  Já algum tempo venho batendo nessa tecla da questão Segurança Pública e as policias em nossas vidas.
O fato ocorrido no Estado do Ceará com relação à greve dos PM’s e Bombeiros mostram a fragilidade da sociedade em relação a essa instituição, a fragilidade do Estado e sua autoridade máxima que agiu com inércia e incompetência para resolver a questão antes que essa chagasse ao ápice que chegou, obrigatoriamente tendo que ceder, acatando todas as reivindicações exigidas. Ora senhores se era para ceder, porque não o fez antes do caos. Tal atitude governamental mostrou a fragilidade de se fazer cumprir as Leis Constitucionais, a desmoralização por parte dos grevistas ao Estado de Direito, infringindo vários aspectos da lei como; Apropriação indevida de Bens público, quartéis, viaturas, armamentos, transformando-se num verdadeiro motim gerado por total desobediência aos superiores, desafiando a própria democracia.
É preciso separar o fato da necessidade de melhorias salariais para a categoria e todas as outras reivindicações das quais todos acreditamos serem justas, da forma autoritária e criminosa como a greve se desenrolou, ações claramente criminosas, retendo e danificando viaturas, provocando pânico na sociedade, colaborando com atos de vandalismo espalhando o terror e o caos na sociedade, tudo para fazer valer suas exigências. Imaginamos agora, se o governo resolve não ceder e fazer cumprir a determinação da justiça que determinou como ilegal a greve e a imediata reintegração de posse dos bens públicos. Poderíamos entrar numa guerra civil de proporções inimagináveis.
O Estado de Direito foi desafiado, a Polícia Militar se mostrou mais forte que qualquer outra instituição, quando o Capitão do Exercito que liderava as forças Nacional disse “Não invadiremos em hipótese nem uma as instalações desse batalhão, não estamos aqui subordinados ao governador, mesmo que a Dilma desse a ordem ainda iríamos pensar”. Um movimento dessa envergadura no eixo Rio São Paulo, poderia caracterizar-se GOLPE.
O que impressiona é que a sociedade apenas queria resolver o impasse, sem medir as conseqüências do fato ocorrido e a importância histórica para o estado e para as instituições. Como se comportará a partir desse movimento, outros movimentos grevistas? Que moral terá a PM para reprimir outros movimentos grevistas? Fará de novo fazer valer a sua lei?!

                                         Greve da PM do Ceará - Janeiro 2012.